quarta-feira, 10 de abril de 2013
terça-feira, 9 de abril de 2013
sábado, 6 de abril de 2013
ALICE UNDERGROUND, MAS NEM TANTO ASSIM...
“e sempre que
a historia
esgotava os
poços da fantasia...”
Lewis Carroll
A peça “Alice Underground” com temporada exibida no Teatro
Eva Hertz na Livraria Cultura do Shopping Rio Mar, em Recife, merece algumas considerações.
A primeira delas está no mérito do esforço em trazer ao
público uma releitura dos clássicos Alice no País das Maravilhas e Alice
através do espelho, de Lewis Carroll, escritor inglês do século XIX, e propor
uma dose de ousadia, marcadamente em sua trilha sonora. No entanto, alguns
graves deslizes ofuscaram o potencial da proposta.
De modo geral, observamos uma notória dificuldade em romper
a cotidianidade e explorar a dimensão fantasiosa. Dimensão essa presente no
texto e citada nas falas iniciais que introduzem uma perspectiva nonsense e existencialista que,
lamentavelmente, não se configuraram na maior parte das cenas seguintes,
marcadas por certa banalização do hiper-real, que reduzido de modo racional e
preconceituoso, cai em um inevitável senso comum do proposto alter (outro). Não se olha o outro que
se sugere haver em sua multiplicidade de possibilidades, mas ratificam-se
estereótipos de comportamentos alternativos.
Vale destacar a pobreza do texto indicadora de uma
superficial leitura dos originais de Lewis Carroll. Para subverter ou para
interpretar livremente parece-nos ser fundamental dominar o texto original,
adentrar na experiência e “atmosfera” literária, potencializando-as no gestual
que, em muitos casos, tem mais força que o próprio texto. Parece-nos ainda, que
nos momentos de menor ênfase nas falas chegava-se ao tempo forte de expressão
artística, não cotidianizada.
Considerando-se que não se tratou de uma comédia, fora o
riso, o texto e as interpretações não provocaram espanto, inquietação.
Infelizmente, a dimensão de submundo (underground) não foi representada,
tampouco a loucura e o lúdico, trazendo muito mais clichês e mesmices.
Um detalhe a parte, e lamentável, foi a falta de gestão
administrativa do teatro Eva Hertz que vendeu ingressos até depois do inicio da
apresentação provocando um inconveniente abrir e fechar de portas que retirava
a atenção dos presentes. É lastimável que o público não seja pontual e se
adeque minimente às condições de um local coletivo de expressão artística que
exige concentração e rupturas como é próprio do espaço teatral.
Natalia Barros e
Francisco Cavalcanti – 06/04/13
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